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Ecofeminismo: A conexão entre mulheres e meio ambiente

Ecofeminismo: A conexão entre mulheres e meio ambiente
Março 5, 2020 BelleBio

Você já se perguntou sobre o surgimento de métodos e produtos naturais, orgânicos e sustentáveis na vida das mulheres nos últimos anos? 

É visível o crescimento pela procura de formas alternativas e ecológicas aos hábitos femininos do dia a dia. De higiene feminina, cosméticos, alimentação, vestuário, lazer e economia a engajamento em ações sociais. Esse novos hábitos demonstram o repensar do papel feminino em relação ao cuidado com o meio ambiente, retomando um movimento antigo que engloba isso e muito mais, um movimento conhecido mundialmente como ecofeminismo

Como uma vertente do feminismo, essa filosofia abrange as relações entre diferentes formas de opressão e a luta contra elas. Segundo Daniela Rosendo, doutora em Filosofia e pesquisadora do ecofeminismo, é a interconexão entre feminismo, ambientalismo, animalismo e outras situações de vulnerabilidade. O ato de “perceber que por trás de todos esses ‘ismos’ há a mesma lógica de dominação decorrente de uma estrutura conceitual opressora”, complementa Rosendo.

O termo, segundo pesquisas da filósofa ecofeminista Karen J. Warren, tem origem durante o movimento da contracultura na década de 1970, pela feminista francesa Françoise d’Eaubonne. Ela, na época, utilizou a expressão “ecological feminisme” para indicar o potencial das mulheres em uma revolução ecológica. Durante esse mesmo período, o Movimento Chipko, na Índia, utilizou-se das mesmas éticas, tendo a mulher como protagonista na resistência pacífica em prol da preservação das florestas locais.

A conexão entre o feminino e a natureza

Se engana aqueles que pensam o ecofeminismo como uma representação da conexão “mística” entre o feminino e a natureza ou que o movimento joga a responsabilidade total sobre as mulheres. Esses são pensamentos pejorativos que tem raízes profundas no patriarcado, por isso mesmo devem ser desconstruídos. 

“A opressão das mulheres e a dominação injusta da natureza estão conectadas porque o dualismo patriarcal coloca as mulheres e o conceito de “natureza” na mesma categoria. Ambas são consideradas menos importantes que “cultura” e “homens”, e subordinadas para seus benefícios”
Françoise d’Eaubonne

A verdadeira origem do movimento parte de uma relação de opressão e preservação, ou seja, fala de situações reais e degradantes que afligem mulheres e o meio ambiente ao redor do mundo. Do campo ao mundo urbano, em todas as classes econômicas e raças, o movimento se faz relevante e presente. 

“Mulheres são unicamente situadas a libertar o meio ambiente da injusta dominação humana, pois são as primeiras e mais afetadas pelas mudanças climáticas, além de serem subordinadas da mesma forma que o patriarcado subjuga o meio ambiente”

Uma causa coletiva

O ecofeminismo, assim como o feminismo, possui várias correntes de pensamento. Mas sua essência consiste em buscar um pensamento coletivo e realizar um exercício diário de reflexão

“É preciso mudar o mundo para
mudar a vida das mulheres”
Marcha Mundial das Mulheres

Segundo Cíntia Barenho, coordenadora executiva da MMM e do Centro de Estudos Ambientais, não adianta ter o seu corpo livre, libertar somente o eu, enquanto estamos explorando a natureza. E é necessário o cuidado de que o movimento não leve em consideração apenas os centros urbanos, mas também a realidade das mulheres do campo.

É preciso pensar em soberania alimentar, agroecologia, autonomia e cuidados com a terra e a água. Áreas onde as mulheres já demonstram um grande protagonismo e onde há a existência de movimentos como a Marcha das Margaridas, realizada por mulheres que trabalham em área rural.

Para Barenho, a possibilidade de verbalizar e retumbar ideias feministas e ecológicas nas redes sociais, somado ao fator de que alguns dos direitos conquistados pelas mulheres estão em perigo, assim como a preservação do meio ambiente enfrenta barreiras, é o que faz com que haja um sentimento maior e coletivo de feminismo e sustentabilidade entre as mulheres. Além disso, “o movimento sempre existiu, mas agora ele ganha maior voz e visibilidade”, destaca.

Reportagem escrita pela jornalista Amanda Büneker, originalmente publicada no portal Beta Redação


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